segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Políticos – problema genético ou comportamental?

Hipocrisia na origem grega designava o desempenho teatral, a declamação do ator, que simulava ser outro no palco. O português, porém, tomou a palavra do baixo latim hypocrisis, de sentido mais restrito, e hipocrisia e hipócrita consolidaram-se com o sentido de aparentar o que não é, de ser falso, fingido, mentiroso. É o ato de fingir ter crenças, virtudes e sentimentos que a pessoa na verdade não possui.

Já o esquecimento de caráter deliberado consiste em "desligar partes do cérebro que são responsáveis por sustentar as memórias". Conforme pesquisas desenvolvidas na Universidade do Colorado (EUA), entre as partes desativadas está o centro emocional do cérebro.

Começo a acreditar que essas duas anomalias comportamentais tenham um caráter genético recessivo e, ainda que não exclusivas, atinjam fortemente a classe política.

Ainda que não seja incomum um indivíduo ter genes recessivos anormais, estes só provocam alguma anormalidade se dois iguais se encontram. As chances de que isso aconteça são escassas na população em geral; não obstante, aumentam muito nos grupos fechados que se casam entre si.

É o que acontece com a classe política, sabidamente dada aos entrecruzamentos visando à preservação de uma espécie que, sob condições naturais, estaria fadada à extinção.

Um traço escasso passa então a dominante. E o dominante a escasso.

E admira que os antônimos de hipocrisia e esquecimento, que aludem à verdade, à sinceridade, à lealdade e à lembrança passem a ser as características raras. Mais que isto, que sejam admiradas pela raridade.

Só em tragédias gregas ou numa república de hipócritas.

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Uma Oposição de Carneiros e Ovelhas


Inspirado no texto "Ligações Perigosas" de Percival Puggina publicado no Jornal Zero Hora (16/09/2007), disponível aqui e que em seu parágrafo final diz:

"Desigualdades sociais são decorrências inevitáveis das inúmeras diferenças naturais existentes entre os seres humanos, mas a dignidade que todos temos em comum torna inaceitável essa ligação perigosa da miséria absoluta com a absoluta opulência. Ela nasce da perigosa ligação da burrice com o problema, do poder com a incompetência, do refluxo dos que se omitem com a maré dos demagogos. E, principalmente, das perigosíssimas e promíscuas ligações que o presidencialismo estabelece entre Estado, governo e administração. Elas alcançam o apogeu quando controladas por pessoas com discurso de Dom Quixote, discernimento de Rocinante e ambições de Alifanfarrão."

Para lembrar:

- Señor, encomiendo al diablo hombre, ni gigante, ni caballero de cuantos vuestra merced dice parece por todo esto; a lo menos yo no los veo; quizá todo debe ser encantamento, como las fantasmas de anoche.
- ¿Cómo dices eso? – respondió don Quijote
- ¿No oyes el relinchar de los caballos, el tocar de los clarines, el ruido de los atambores?
- No oigo otra cosa – respondió Sancho – sino muchos balidos de ovejas y carneros

Para pensar:

Dom Quixote vê o encontro entre o exército do Imperador Alifanfarrão e o do seu inimigo de Pentapolim do Arremango Braço enquanto Sancho Pança adverte ouvir “balidos de carneiros e ovelhas”.

O Valente Cavaleiro atribui ao medo do escudeiro sua cegueira. Um dos efeitos do medo é turvar os sentidos, e fazer que pareçam as coisas outras do que são.

Quais dos pontos de vista são críveis? Os dois.

O espírito aventureiro do Cavaleiro lhe permite ver dois exércitos. O do medroso Escudeiro permite enxergar apenas animais (ou alimento).

Curioso que Dom Quixote dê uma explicação bastante convincente sobre os efeitos do medo. Melhor acreditar não ver o que está a frente. Ou imaginar coisa outra do que aquela que se avizinha.


Um artifício inconsciente a favor da nossa sobrevivência. Se não reconheço o perigo não é necessário enfrentá-lo; e diminuem as chances de ser por ele derrotado.

É o que faz a pseudo-oposição brasileira. Não vê exércitos, mas também não vê animais, e tanto uns quanto outros estão lá. Em alguns instantes faz os discursos acalorados de Dom Quixote, mas não tem coragem de enfrentar nem mesmo moinhos de vento. Em outros instantes assume o silêncio constrangido de Sancho.

Talvez a nuvem de pó no campo de batalha os tenha deixado cegos.
Ou pensam que nós estamos e não possamos ver que o enfrentamento verdadeiro não existe.

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Novo caminho

Edusofando

representa um dos meus fragmentos.
Abandonei o blogue de experimentação, ponto de origem eletrônico.

Deletei.

Deixei que palavras e figuras se fossem. Com elas as idéias que tive e as frases que construí. Lidas por mim.

Aqui começa o novo caminho.

Caminho que se abre para vários caminhos.